domingo, março 15, 2009

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Via e revia aqueles corpos mortos
Pensava,medicina não tem nada de literatura
Claro.
Mais fórmulas de bioquímica
Radicais e seus derivados
Pensava,medicina não tem nada de literatura
Claro.
Tecidos,glândulas,células,
E mais uma vez,
Cadê a literatura?

Convencida da ausência
Tratei de estudar o óbvio
Esquecer o romantismo
de olhos fechados
escondi meus vícios.

Passei a ser bússola
Dado viciado
Fórmulas
Fisiologia
Até anatomia.
Gostava daquele ritmo
Mas precisava da música
Gostava da teoria
Mas faltava-me alegria.

Sem pensar em poesia
Fomos conhecer a ciência fora do papel
Sem fórmulas para seguir
Sem teorias para cuspir.

Não esperava,mas de repente
Ela sorriu para mim
Perguntava de onde vinha
E foi se apressado em se apresentar
Vestia roupas velhas
E era linda
Me apresentou para alguns amigos
E só naquele momento
Encontrei o que tanto procurava.

Ali,
A literatura me abraçou
Não tinha braços nem pernas rimados
Não tinha olhos simétricos
Não tinha quase nada
Mas era poesia
apesar de alguns a chamarem de rabisco.

Era viva
Era mais que tronco,cabeça e membros
não era feita no papel nem a caneta
ou melhor,saia do papel e da caneta
era osso
carne
era gente de verdade
brotando
da alegria
do discreto sofrimento

6 comentários:

Yara Souza disse...

inesperada
anatômica
a poesia que se levanta
da carne

João Paulo da Silva disse...

sua poesia eh como um cisco no entendimento, uma pedra no sapato. senpre ali, presente, viva e pulsante. gosto de como vc escreve, parece escrever com o corpo inteiro. e isso eh belissimo.
bj

Estêvão dos Anjos disse...

Quem bom que isso aconteceu. gostei.

Anônimo disse...

nenemmmmm
vc ta me matando de saudade

leila saads disse...

Preciso achar a literatura, a poesia nas coisas que faço... Elas me sufocam quando não me deixam voar...

Ficou lindo=**

Malú disse...

Insistentemente tentava encontrá-la, mas como um enamorado birrento punha a prova o teu sentimento ainda nem descoberto!!

Muito lindo lindaa!!