quarta-feira, janeiro 30, 2008

ao ler mulheres desiludidas,simone de beauvoir

Quando não podia mais sentir
O amor,aquele deus mendigo
Me configurou
Mexeu em minhas cores
Em meus corcovados
Arrancou-me do preto e branco
Nocauteou-me para a sépia.

Como se não fosse pouco
Caçoou dos meus desenhos e anseios
Das minhas telas e músicas
Das minhas curas e loucuras
Da minha memória.

Me tomou em um só gole
Deixando-me em uma gota
Me tragou como um cigarro rasgante barato
Me surrou no meio fio
De uma periferia mórbida

E quando não tive mais força
Ouvi dizer por ai
Que o amor é lindo.

domingo, janeiro 27, 2008

Para eles

Of........u........s.........c a n t e..........vai ficando
A tela em creolina

...........A tinta a gasolina
..........................Os p............s
..........................................a s.o.s ................em surdina

Os planos para improvisar.



A simbiose humano máquina
Carne aço

...............................e........
...........................t..........
.........................n .........s
.....................e..................
.................d......................t
.............i.............................
...........s................................a
......e........................................
....r...........................................d
P...................................................o
.........Proletário agonizado............

....................................................................................p
.....................................................................ra....../........a
................................................................t............/....ssa
Em cordas e lamentos............................l......../............d
Os olhares ...................................u................./..................os



Em livros e gritos
Os turvos pensamentos
Em surtos e alienação
Nossas pautas arrastadas
surradas
Consideradas como
Simples acaso da utopia e da ilusão.

terça-feira, janeiro 22, 2008

Planejamento urbano

O lúcido e o translúcido,o papel e a folha riscada,são como fadas estupradas.

Na cidade as coisas são assim,de modo transfigurado ao fantasiado,os gatos são espertos e os cachorros são os domesticados,as guitarras são ouvidas e os baixos,simplesmente,descartados.
O combustível que engolimos,a velha que dá o bom dia sem ouvir retorno,o porteiro que ouve o programa policial as seis da manhã,até o morador desconhecido do teu prédio,que obrigatoriamente te faz companhia no elevador,são todos rabiscos de um projeto qualquer do arquiteto urbano.

sábado, janeiro 19, 2008

remissivo

Volto a te escrever
Amaciando o papel com a ponta fina do lápis
Recriando as palavras
Em suas formas mil.

Volto a te ler
Nos bares pelas esquinas
Nos olhos dos drogados e embriagados
No mergulho dos naufragados e viciados.

Volto a te ver
Nos versos velhos
Nas músicas rasgadas
Nos estudantes revoltados
Nas domésticas enfadadas.

Perguntas pelos cometas
Te respondem as estrelas
Que voltei
Mas já estou de partida.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Son-ância

Sou a mais íntima musica externa
Que rasga os lábios
De quem se atreve cantar.
Sou a poesia morta
Que com o pessoal comum milagre
Reencarna modificando
Os sentidos de seus versos.
Sou a paz de minha alma contida na guerra
De meu corpo.
Sou o ritmo do tempo
Que envolve os acordes
Do perfume dedilhado das flores.
Sou todas as pessoas conjugadas no tempo
Sou o tempo conjugado
Nas pessoas.
Sou morte para ser vida
Sou areia para ser castelo
Sou tristeza para ser alegria
Sou ação para ser conclusão.
Sou antítese em plena personificação.