quinta-feira, fevereiro 28, 2008

amargo sabor doce

o café acaba mais uma vez logo cedo.
a língua queimada
sente o abraço da cafeína,
a boca anestesiada
sabe que existe açúcar,
mas antes de mais uma colher doce
o sabor amargo
se transporta por entre os dentes
dança para a gengiva
cospe na saliva
mostra as nádegas ao céu da boca
e estupra novamente
meu gosto,minha timidez,minha vontade
minha língua.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Lado b do bar

De um lado ao outro
As gargalhadas em fúria,
A fumaça dos cigarros
Cheirando o ópio dos fadigados
Os berros e juras
Dos alcoolizados.

De um lado ao outro
A música suja
Se entrelaçando as falas
Dos desgraçados,
Os olhares em abstinência de sinceridade,
A última gota de cachaça
Para mais um segredo assassinado.

De um lado ao outro
A conta encerrada
E as vidas voltando-se
Para o sofá furado
Da ressaca.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

rotina

..............................................................................Acordo
..........................................................cinco minutos
.................................................................Pra levantar
.............................................................quatro
.............................................Pra se lavar
..........................................três
.....................Pra se trocar
.................dois
Pra comer
um
Pra nos
s
a
l
v
ar
.

domingo, fevereiro 17, 2008

...

Hoje,sentir
Aquilo que costumo chamar
De num sei o que.
Hoje,deslizei
Te cantei meus versos
E dei rasteira em minha razão.
Hoje,revivi
nossas promessas
E jogos infantis
A beira do mar dos sonhos e das ilusões.
Hoje,ouvir teu blues
Mais excêntrico
mais improvisado e desajeitado
Que meu velho jazz inofensivo.
Hoje,batuquei minhas feridas
Quase mortas
E te fiz culpada
Da falta de cicatrização.
Hoje,rasguei minhas gravatas
E te pus no ápice de minha gola.
Hoje recriei uma nova palestina
Em teu olhar
Te fiz judia e eu,um mero cristão.
Hoje Fui dormir em shangrila
E Amanhã
acordei sem teus beijos
Bombardeado em Bagdá.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Mesmo que para te sentir
Tenha que entregar meus órgãos
Tenha que sacrificar meus óvulos
Meu prazer

Sinto contigo meu ventre pulsar
Minha origem gritar
Minha estação desabrochar
O peso de ser o que sou e o que ainda poderei ser.

De modo explícito
Te surro com palavras
Desejo nunca ter te conhecido
Prometo até,te destruir,
Mas logo fico sem forças
Pois em te
Encontro o ápice da delicadeza e da brutalidade
Se fundirem a me tornar mulher.

*ode a menstruação.

conversas com emi