sexta-feira, agosto 29, 2008

teu canibal codinome

Minha antropofagia
Minha vida vadia
Que tanto sacia
Tua carne
Tua farsa
Minha faca
com teu sangue

Essa caça que tanto consome
Tua pele extinta
Essa presa tardia
Tua guitarra -agora sem garra-
teu nome.

Como predador
Quero tua dor
Nosso odor
Tua mais rica flor
Em fervor.

Como presa
Quero ser tua comida
Quero tuas mordidas
Quero ser tua fome
íntimo e codinome.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Escambo

-Dê-me um acorde
Não mais que um
Porém o completo.
Peço-te os três tons e meio
E mais nenhuma nota
E mais nenhum acorde.
Mas peço - ti
O mais completo.

-Dou-te o acorde que me pede
Em troca recebo a chave
Para dedilhar as primeiras cordas
Da fechadura dessa escuridão
Mas não prometo te proteger
Dessa imensidão.

-Quebrei a chave em notas
Só poderá dedilhar
Se calcular o tempo
Da conjugação
De cada palavra morta.


-então,
Prossigo sem o semitom
Semeando um único tom
Desse estranho dom.
Adeus!

julho 2007

quinta-feira, agosto 14, 2008

sexta-feira, agosto 08, 2008

noticiário

Sábado me socou
Obrigou-me a transar-se ao medo
Desgrudar as lembranças dos lençóis
Arrancar o perfume das roupas
Vomitar o desejo na privada
Sentir-se desacompanhada para sentir de novo
o beijo do novo.

A chuva chegou
A lua gemeu
E o amor não agüentou
Correu tangencialmente,
Despediu-se de mim
E me despiu.

Nua
Sem chaves
Ou lembranças
Traguei sussurros
Tossi os toques
Embriaguei-me com
Novos versos
Outras vozes
Outro acorde.

Sábado se findava
A carne salpicava,
Pés mudos
Corpo sujo.

Domingo me acordava
Minha cabeça jogada na calçada
Meu corpo na almofada,
Ligo a TV
E o noticiário alerta um grande acidente
Um atropelamento.

O carro não capotou
Nem atingiu postes
Nem a eletricidade
Continua tudo intacto
Apenas um morto.

Testemunhas dizem que vítima foi culpada
Tinha instinto suicida
Estava com comportamento alterado
Não queria ouvir nada
Se jogou intensamente na frente do carro.


Desligo a TV
Procuro minha cabeça na calçada
Configuro-a novamente
E o atropelado me aparece
Estraçalhado, sem veias e artérias.

Era ele,
Dava-me o último adeus
Um beijo na testa
E seu coração parava de pulsar.

voltei para TV
e outro canal anunciava o mesmo acidente
“morre na madrugada desse sábado,o amor,vítima de atropelamento”.

domingo, agosto 03, 2008

estômago de plástico

Gritei em ângulo agudo
Ceguei os tímpanos da paixão
Voei em ângulo rasante
Senti meu corpo estraçalhar-se na contramão.
Cambaleando, cruzei a avenida principal
Lojas decoradas,pessoas mau tratadas.

Com fome,
Entreguei-me ao lixo mais próximo
Comi de beijos incompletos a amor estragado.
Comidas doces, recebiam o nome de Verdade
Salgadas,o nome era Mentira
Amargas,para quem não sabia ler,
Dizia que era Saudade.

Nutri-me meses com comidas doces e amargas.
Completando o grau de obesidade,
O fabricador chega repentinamente
Esclarece meu engano.

Agora
comidas doces e amargas se chamavam Ilusão
E as salgadas,era a tal verdade
Sem elementos fabricados ou temperos de plástico,
As quais nunca provei.

Even In The Quietest Moments - Supertramp


Even in the quietest moments

I wish I knew

What I had to do

And even though the sun is shining

Well I feel the rain

Here it comes again, dear


And even when you showed me

My heart was out of tune

For there's a shadow of doubt

That's not letting me find you too soon


The music that you gave me

The language of my soul

Oh Lord, I want to be with you

Won't you let me come in from the cold?


And even though the stars are listening

And the ocean's deep

I just go to sleep

And then I create the silent movie

You become the star

Is that what you are, dear?


Your whisper tells a secret

Your laughter brings me joy

And a wonder of feeling

I'm Nature's own little boy

But still the tears keep falling

They're raining from the sky

Well there's a lot of me got to go under

Before I get high


Don't you let the sun disappear

Don't you let the sun disappear

Don't you let the sun be leaving

No, you can't be leaving my life

Say that you won't be leaving my life

Say that you won't be leaving my life

Say won't you please, stay won't you please

Say won't you please, stay won't you please

Lord, won't you come and get into my life

Lord, won't you come and get into my life

Say won't you please, stay won't you please

Say won't you please, stay won't you please

Oh Lord, don't go


And even when the song is over

Where have I been

Was it just a dream?

And though your door is always open

Where do I begin

May I please come in, dear?