segunda-feira, abril 28, 2008

Tenho guerras para lutar
mas não tenho arma
tenho ferimentos para cicatrizar
mas o sangue não coagula.

com o silêncio,atiro uma
duas
três balas
e nada é atingido.

caio em trincheiras
os ratos me massageiam
durmo pelas beiras
os cadáveres chamam por meu nome
queimo-me na fogueira
assustado tento subir.

Fraquejando
desejo apenas ter fome
fome que alimenta
a dos miseráveis
dos desvendáveis.

Tu que não crês
Aclama por deus
Eu que sou louco
Pedi permissão.

Os dias vão passando
A guerra pulsando
O zinco fritando
as ruas nos chamando:
-Tem alguém por ai?

sexta-feira, abril 25, 2008

era uma vez...

Os contos encantam as fadas
Reinam no tempo das mágoas
Cinderelas adormecem
Brancas de neve padecem
Enquanto Alice não se submete

Príncipes agonizados
Chicoteiam os maus tratados
Cavalos andam sobre os patos
Os atos são para os censurados.

Dizem que uma vez se era
Não existe mais sol nem primavera
Só as belas
Só as celas

Alice flutua na rotina do saber
Escala as montanhas até enlouquecer
Vai voando sobre o céu
Engolindo quem for réu


Dizem que uma vez se era...

sábado, abril 05, 2008

Aquela

Se a verdade que é dita,
Alimenta a fome
Mata o homem.
Prefiro a mentira!

Aquela
Que os padres condenam
Como atentado de Lúcifer.

Aquela
Que a faxineira a usa
Em seus dias de desmaio.

Aquela
Que o presidente
Desgarra em seus discursos
Como problema ás suas teses de teatro.

Aquela
Que os pais a temem
Quando seus filhos começam a voar.

Aquela
Que a religião se contrapõe
Suspendendo suas palavras de doutrinação.

Aquela
Que os capangas não enxergam
Para sobreviver da subordinação.

Aquela
Que apenas os ditos como sonhadores
A tem como verdade!
Das fumaças saia dinheiro
Mais o ctrl alt
E sua tecnologia.

Nas calçadas as cóleras e seus deletes
As putas e seus versos
Os poetas e seus infernos

Nas ruas não há meninos
Nos meninos não há asfalto
No fundo da garrafa
O odor da rosa à essência da cor
Da cola.

Vi silva,vi batista
Vi vilela,vi calheiros
Na protuberância do circo brasileiro

Do sertão ao cerrado
Da caatinga ao extremo da América de trapos
Os rebanhos emergem
Os campos adormecem
Enquanto o império nos converte.

Marco o ponto
volto para casa
volto para o aconchego de minha mulher sagrada
Respiro,penso
Logo sento à mesa no lamento

Nutro a multidão
vou dormir liso
Com apenas o número
De minha identificação.

01-12-07