segunda-feira, outubro 27, 2008

meu amigo,

Passei o dia contando-me pelos ponteiros
Ponteei-me e perdi as contas
Já tarde acabo de achá-las
Empoeiradas,quase desbotadas.
Começam logo a gastar da própria cor
Transcrevendo-me teus gostos desgastados.

Na grafia grafitavam a ponta do teu lápis
Que agora só permanece quebrado
Me quebrando junto ao teu compasso
Pedaço.
Pedaço teu sem espaço
Para mim
Ou desgraçados.

Amassei a grafia
Conjuguei as contas
Procurei teus gostos
Bati em tua porta
Não tinha chave,não tinha nada.

Fui embora...

mas
uma voz torta
Chamou
Forcei-me a ser surda
Mas ouvi até as vírgulas
e saliva.

Eram teus gostos
Diziam-me que foi levado
pelo beijo
pelo desejo
da beleza de uma moça.

feliz
fui embora...

agora
uma voz mansa
Me afogava
Talvez era ela- sua Maria-
Que tanto falava
Mas tinha osso,um pouco de carne
sem milagres
sem Jesus
sem fé
carregava apenas tua cruz.

Escutei as poucas palavras
Dizia-me o que teus gostos falavam
Mas contou-me sobre a destreza
O crime
A desgraça
Da moça,daquela beleza.

Deu-me teu novo endereço
meu caro amigo
e agora
diante de ti
olho nos teus olhos
olhos distantes
leio teus versos
versos destoantes
aperto tuas mãos
mãos frias
sem forças
inebriantes.

vejo ela a te fazer companhia
vejo dentro do teu corpo
órgãos
na água que come
na comida que bebe
nas palavras que vomita.

antes de vir
me alertaram
alguns me disseram que tal moça
se chamava inteligência
outras,doença
poucas, doçura
mas Maria disse-me
que seu verdadeiro nome
era Loucura.