Sábado me socou
Obrigou-me a transar-se ao medo
Desgrudar as lembranças dos lençóis
Arrancar o perfume das roupas
Vomitar o desejo na privada
Sentir-se desacompanhada para sentir de novo
o beijo do novo.
A chuva chegou
A lua gemeu
E o amor não agüentou
Correu tangencialmente,
Despediu-se de mim
E me despiu.
Nua
Sem chaves
Ou lembranças
Traguei sussurros
Tossi os toques
Embriaguei-me com
Novos versos
Outras vozes
Outro acorde.
Sábado se findava
A carne salpicava,
Pés mudos
Corpo sujo.
Domingo me acordava
Minha cabeça jogada na calçada
Meu corpo na almofada,
Ligo a TV
E o noticiário alerta um grande acidente
Um atropelamento.
O carro não capotou
Nem atingiu postes
Nem a eletricidade
Continua tudo intacto
Apenas um morto.
Testemunhas dizem que vítima foi culpada
Tinha instinto suicida
Estava com comportamento alterado
Não queria ouvir nada
Se jogou intensamente na frente do carro.
Desligo a TV
Procuro minha cabeça na calçada
Configuro-a novamente
E o atropelado me aparece
Estraçalhado, sem veias e artérias.
Era ele,
Dava-me o último adeus
Um beijo na testa
E seu coração parava de pulsar.
voltei para TV
e outro canal anunciava o mesmo acidente
“morre na madrugada desse sábado,o amor,vítima de atropelamento”.
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7 comentários:
Achei tão bonito, mas bem triste...
beijos :*
que lindo ju, um poema que quando se lê, tem-se a impressão de ser um conto!
;*
gostei muito, já escrevi poemas assim nesse estilo, você o faz muito bem... beijos julia!
Morreu
De novo
Tão certo
Como cabelo no ovo
É o que diz esse povo
Que ali por perto
Deu depoimento incerto
Sobre a nova
Estava pronta a cova
Mas ninguém desova
O tal cadáver...
Que notícia triste!
Bonito aqui! Obrigada pela visita!
Venha brincar conosco na nossa Semana Divertida!
Beijos!
Muito foda!
Lembrou um pouco a musica camila,camila. tem um pouco de jornalismo mesmo como falaram, de conto, de novela mexicana...
gostei q so!
:*****
Ela descobriu.
(O Amor, então, morre?)
às vezes lentamente
de falência dos órgãos
às vezes subitamente
atropelado
geralmente assassinado
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