sábado, junho 07, 2008

Para ninguém

Pelas ruas
Esbarro em alguém
Na faixa de pedestres
Corro rápido para ninguém
No ônibus lotado
Segurada por outros
Estou aquém.

Logo cedo
os carros a colidir
as paralelas a me nutrir
e o trânsito esmagador
atropelando minhas artérias
no centro de um cruzamento.

No caminho de casa
Engulo ruas distorcidas,
Placas sem siglas.
Multiplico minhas dúvidas
Subtraindo
A vontade de chegar.

E se chego
Choro meu grito desafinado das ruas
Exponho minhas artérias feridas nuas
Para olhos e ouvidos
De ninguém.

6 comentários:

Moreno B. disse...

�...

um "coice macio"

cheio de puls�es derradeiras

Anônimo disse...

muito massa, prima!
devias investir nisso viu?
beijo

Maria Eduarda Coutinho disse...

eita.. me lembrei do trânsito que tem na fernandes lima de vez enquando!
:* ju!

Estêvão dos Anjos disse...

Lembrei do iniio do filme Crash, onde o narrador fala q a carêncai de algumas pessoas é tão grnade que ela sai para encontrar nas outras pessoas das ruas esses esbarrões e choques involuntários para sentir um pouco de calor humano.

:**

xo ler o resto q ta com tempo q n passo aki.

leila saads disse...

Essa eterna sensação de ser apenas mais um engrossando a massa uniforme persegue o serurbano...

Gostei muito do poema, Júlia!

Beijos!=*

Salve Jorge disse...

Como aquém?
Como para ninguém?
Se dizes tão bem
Que no frenesi do cotidiano
Que nos atropela como um trem
Sobrevives ao mundo insano
Mesmo em frangalhos
Eu escuto seu farfalho
E me espalho
Pra lhe alcançar
Nem sei se vais notar
Mas gosto de ir além
Encontrar outrém
E desabafar
Que se a vida está de lascar
A gente lasca ela também
Vira outrém
E para de dizer amém
Começando a voar...