quarta-feira, março 26, 2008

Clandestina

Como uma garganta entalada
Sentir esse tal de sentimento
Entalar-me por inteiro.
Olhei de um lado ao outro
Mas só mirei o que te formava.

Como quem foge da saudade
Preferir meu silêncio
A descrever a desgraçada verdade.

Me privei
Fugi de mim
Tentei até prostituir
O que sinto pelo que
Nada há de se sentir.

Fui em Himalaia
Contornei Guatemala
Quebrei as pontes que traziam-me
Para mim
Retorci os automóveis
Minhas pernas e estradas.

Feliz por não me achar
Descobrir um novo país
Passei pelas divisas clandestinamente.
Tinham poucas companhias
-talvez apenas duas-
As quais não deixaram-me retornar.

Peguei carona em um caminhão
Velho,abandonado
Quase parado.

Sem perceber,
Voltei ao início.
No primeiro outdoor
Tinha escrito minhas palavras
Em tua grafia,
Pedi pra voltar
Mas era tarde
Já tinham reforçado a segurança de nossas divisas
E por aqui,em teu país,fiquei
clandestinamente.

16-03-08

2 comentários:

Yara Souza disse...

Divisas, armaduras...
construídas apenas para que os poemas as destruam.

Posso até brincar com as palavras, mas veja só que missão nobre elas às vezes têm :)
Brincadeira poderosa, violenta, destruidora, subversiva hehe

Bjo

Lee disse...

:~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
clandestino coração!
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